O segredo do feliz finlandês e lições para o português conformado
Partilho mais um artigo escrito em co-autoria com o Filipe Froes, que foi hoje publicado na página 13 do Diário de Notícias e inclui umas breves reflexões sobre o conceito de «felicidade» intiotulado «O segredo do feliz finlandês e lições para o português conformado»
Recorrendo ao «World Happiness Report», constatamos que não é surpreendente que países como o Afeganistão tendam a ocupar lugares miseráveis no respectivo ranking, corroborando aquilo que sobejamente sabemos, ou seja, que a felicidade não grassa em sociedades onde imperam a pobreza, o conflito e a ausência de liberdade.
Mas perguntamos porque é que Finlândia, país onde reinam cerca de 200 dias de Inverno, o Sol emerge timidamente no horizonte e as temperaturas chegam a rondar os 20 graus negativos, mantém consecutivamente a primeira posição no dito ranking? Qual o segredo dos finlandeses e o que podemos transpor para a realidade nacional?
Concluímos que os finlandeses, fruto da filosofia que denominam de sisu, dum legado luterano e da implacável Lei de Jante, têm um padrão comportamental diferente do que predomina em Portugal.
Ao contrário do que sucede em Portugal, a sociedade finlandesa não tende a focar-se em queixas, lamentações, suspiros, reclamações, reivindicações, acusações e objecções que não se materializam, em regra, em sentido de dever e em acção.
Portugal não é a Finlândia, contudo pode, deve e merece ter um destino melhor. O combate à perniciosa corrupção deve converter-se imperiosamente em objectivo nacional, de todos nós, esculpindo-se nesse processo a passagem de "uma colectividade pacífica de revoltados" (Miguel Torga) a uma sociedade com sisu de inspiração finlandesa, que lembra a admirável coragem lusitana de tempos idos.