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Networking num mundo (quase) pós-Covid

Patricia Akester • mar. 01, 2022

Partilho acima a minha coluna de Março no Dinheiro Vivo, Diário de Notíciaa: «Networking num mundo (quase) pós-Covid».


“Se queres um ano de prosperidade, cultiva arroz. Se queres 10 anos de prosperidade, cultiva árvores. Se queres 100 anos de prosperidade, cultiva pessoas”. (provérbio chinês)

 

Não é o tema do dia, mas é certamente tema do dia a dia. O networking proporciona a partilha de conhecimento, de ideias, de talento e de contactos; o estabelecimento de conexões das quais podem emergir oportunidades no mercado laboral, abertura a mentoria e orientação, recomendações para prémios, formação e promoções, assim como amizades. Em suma, pode fazer a diferença entre a estagnação profissional e a ascensão, entre a paralisação e a criação de riqueza intelectual, espiritual e monetária. Não é surpreendente que neste campo, como em tantos outros, a Covid-19 tenha gerado desafios e levado à concepção de soluções inovadoras.

 

Com efeito, em tempos de pandemia, atentos o alarmante número de mortos e de infectados, foram implementados pelo mundo fora medidas de distanciamento social e longos períodos de confinamento. Isto é, em nome de um bem maior - a preservação da vida humana - foram estabelecidas severas restrições sociais para reduzir a propagação do imprestável vírus que levaram, consequentemente, à contracção das redes profissionais e pessoais (Harvard Business Review).

 

Curiosamente segundo um estudo da Harvard Business School essa quebra surgiu essencialmente no âmbito das redes profissionais masculinas (que sofreram 30% de decréscimo) enquanto as redes femininas permaneceram praticamente intactas. Os dados empíricos são deveras surpreendentes atento o facto de que a pandemia revelou o enorme potencial do teletrabalho, tendo, todavia, agravado as responsabilidades não remuneradas das mulheres - sobretudo para as mulheres com filhos com idades entre os 0 e os 5 anos ou que se viram obrigadas a acompanhar os filhos nas suas “aulas virtuais” cada vez que o ensino presencial era substituído pelo ensino online (EIGE). Concluiu o mesmo estudo (da Harvard Business School) que não tendo as mulheres despendido mais tempo que os homens a fazer networking, em momentos de confinamento, tiveram a seu favor uma vantagem inata, traduzida na necessidade natural de comunicação para manutenção de proximidade emocional. Já os homens, proclamou um estudo publicado na Human Nature, preferem, por norma, executar actividades em conjunto ao invés de dialogar, actividades essas que lhes foram vedadas na sequência das restrições sociais decorrentes da pandemia.

 

Género à parte, a verdade é que a Covid-19 criou desafios em sede de networking, bem como a resultante necessidade de inovar, de inventar e de recorrer a novas metodologias para efeitos de conexão social e profissional. Neste contexto as plataformas sociais adaptaram-se à nova realidade e adquiriram uma relevância colossal. A título de exemplo, a LinkedIn, plataforma profissional sobejamente conhecida, introduziu ferramentas para configurar e participar em eventos virtuais e passar, com um mero clique, de mensagens escritas para videochamadas, tendo ainda lançado a possibilidade de se indicar, no perfil, disponibilidade laboral imediata; a ZipRecruiter, uma plataforma que estabelece correspondência entre vagas laborais e candidatos, passou a ter uma secção repleta de conselhos relativos a networking virtual; e a Lunchclub, que faz intersecção entre utilizadores de acordo com os seus interesses e objectivos, expandiu a sua actividade para além do sector tecnológico, no qual antes residia o seu principal mercado.

 

Hoje, ultrapassada que está (em países onde há acesso à vacinação) a pior fase da pandemia, pergunta-se como será o novo normal em termos de networking profissional. E a resposta passa pelo reconhecimento de que a Covid-19 gerou (i) uma nova matriz e (ii) um imperativo ineludível. O imperativo consiste, em tempos de grande incerteza socioeconómica e de intensa instabilidade geopolítica, na indispensabilidade da aposta e da persistência em sede de networking. A perseverança e a tenacidade são insubstituíveis e omnipotentes (bem dizia Calvin Coolidge, 30º Presidente norte-americano). A nova matriz assenta no recurso simultâneo às soluções fabricadas pelas plataformas sociais no auge da pandemia e no retorno às actividades presenciais de networking. O único perigo consiste em overnetworking, em face da abundância de eventos que nos rodeia. Urge filtrar, olhando à qualidade (da entidade que organiza o evento, dos potenciais participantes, dos oradores, do modelo, etc.) e não à quantidade. Descurar tal actividade não é opção, mas “é melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal” (Sócrates).

 

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