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O Segredo do Sucesso

Patricia Akester • set. 01, 2022

Partilho a minha coluna de Setembro, no Dinheiro Vivo, Diário de Notícias, intitulada «O Segredo do Sucesso», desejando a todos um bom regresso ao trabalho.


 “O sucesso não é a chave para a felicidade. A felicidade é a chave para o sucesso.” (Albert Schweitzer)

 

É embutido em nós desde cedo que o caminho para a felicidade passa pelo sucesso. Os sistemas de ensino prevalentes são alicerçados em classificações e pontuações - em grande medida dependentes de meticulosa regurgitação de matéria - que criam uma força laboral que labuta sob a premissa de que o empenho, o esforço e a competição permitem escalar, de forma mais ou menos paulatina, os degraus da respectiva profissão. A recompensa surge sob a forma do emprego, da casa, do carro e do parceiro dos respectivos sonhos. Isto, é, no alcance do sucesso parece residir o caminho para a felicidade.

 

Contudo, estudo após estudo desvenda o sucesso como um alvo em movimento, repleto de metas e de obstáculos que se renovam com constância (à semelhança das intermináveis escadas imaginárias de Escher), exigindo concentração total e energia inabalável, no âmbito de um processo que gera um grau elevado de ansiedade e de insatisfação (Harvard Business Review).

 

A verdade é que a neurociência e a psicologia demonstram que a felicidade é um factor-chave e antecede a obtenção de sucesso (e não o contrário). Entre outras coisas, a alegria e o contentamento libertam serotonina e dopamina, neurotransmissores que aumentam significativamente certas capacidades intelectuais - como a memória, a resolução de problemas, a concentração e o processamento simultâneo de múltiplos conceitos, acentuando ainda a vontade de trabalhar (Psychological Bulletin). Ou seja, a felicidade é eixo liminar do sucesso.

 

Por isso, empresas como a Google, a Yahoo! e a Virgin cultivam ambientes de trabalho que fomentam emoções positivas, gerando assim (Shawn Achor, The Happiness Advantage) um aumento de criatividade (3 vezes mais), produtividade (31% mais), vendas (37% mais), probabilidade de promoção (40% mais) e dedicação (10 vezes mais) assim como um decréscimo de níveis de fadiga (menos 23%).


E para que - uma vez logrado - o sucesso seja duradouro não basta executar um sprint unidimensional, sem fim, com vista a acumular vitórias de foro profissional. Há que manter a alegria que está na base do sucesso, garantindo multidimensionalidade em termos de actividades e de talentos (por exemplo, tocando um instrumento, fazendo exercício físico, etc.), sentindo realização em geral e não somente no campo profissional, tentando ter um impacto positivo no outro através de actos altruístas e deixando um legado, algo que perdure - sob pena de insatisfação ou até de sensação de perda apesar da existência objectiva de sucesso (Psychological Bulletin).

 

É ainda crucial saber quando parar, isto é, ter presente a busca racional do que monta a suficiente. Este princípio contraria a crença popular de que o sucesso assenta num constante superar de limitações: ter mais, ser mais, fazer mais.

 

Todavia, a ciência revela que o sucesso conducente a satisfação profunda vem de mão em mão com o reconhecimento do suficiente, com a negação do mais em moldes infinitos (Harvard Business Review).

 

A questão é saber quando parar uma actividade (porque se fez o suficiente) e passar para outra, num contexto de alternância e de multidimensionalidade - vital que é para um feeling de sucesso duradouro. Há que invocar, então, o referido conceito de suficiente e o inerente afastamento do infinito mais - assim colhendo satisfação na arena profissional bem como noutras dimensões da vida.

 

Tendo a travessia do deserto pandémico sido seguida de uma guerra que não pode ser olvidada, com consequências humanas, sociais, políticas e económicas brutais, vive-se um momento de grande incerteza, preocupação e medo em relação ao futuro. Neste pesado contexto, procura-se naturalmente o sucesso para assegurar a segurança e a estabilidade financeiras, para manutenção de postos de trabalho que rareiam.

 

Há que lembrar, então, para melhor cumprimento dessa missão, o que a ciência nos tem ensinado nas últimas décadas: o sucesso profissional emerge mais facilmente se for construído em torno da expansão contínua da felicidade. 

 
 
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